"E pur si muove" (Galileu Galilei)

Mesmo que uns não queiram, amanhã será um lindo dia, da mais louca alegria, que se possa imaginar.

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24 novembro 2015

Islã - religião ou doutrina nefasta ?

OPINIÃO

O Islã não deveria e não merece ser classificado como uma religião. Está muito mais para uma mistura de ideologia, seita e doutrina nefasta. O termo religião vem do latim “religare” que significa “conectar-se com Deus”, “religar o homem ao divino”. E pelo que é possível verificar, de forma clara, tanto nos próprios textos sagrados islâmicos, como em centenas de vídeos disponíveis no YouTube, o Islã não tem nada a ver com essa ‘religação’.

O Alcorão e os hadiths (mandamentos islâmicos) contêm passagens que claramente pregam o ódio, a destruição das outras religiões, e a morte ou humilhação dos “infiéis”, como são chamados os adeptos de outras religiões – notadamente judeus e cristãos.

Vejamos alguns exemplos. A Surata 09:05 do Alcorão diz textualmente: “e quando os meses sagrados passarem, matai os idólatras, onde quer que os encontreis, e ficai à sua espreita, onde quer que estejam”. A Surata 08:12 é ainda mais específica : “Lançarei o terror nos corações dos que renegam a Fé. Então, batei-lhes, acima dos pescoços, e batei-lhes em todos os dedos”. A Surata 08:17 ainda dá um alívio na culpa do seguidor de Alá: “Então, vós não os matastes, mas foi Alá Quem os matou”.

A lista é exaustiva, e o tom geralmente é belicoso. Surata 08:65, “Ó Profeta ! Incita os crentes ao combate”. Surata 09:123, “Combatei os renegadores da Fé, à sua volta, e que estes encontrem dureza em vós”. Surata 09:30, “Que Alá os aniquile!”, e por aí vai.

O Islã é uma doutrina expansionista. Segundo o Corão, é dever sagrado de todo muçulmano destruir as demais religiões e converter o infiel ao Islamismo, até que toda a Terra seja dominada pelo crescente e pela estrela.

A Surata 48:28, por exemplo, não deixa dúvidas: “Ele é Quem enviou Seu Mensageiro com a Orientação e a religião da verdade, para fazê-la prevalecer sobre todas as religiões. E basta Alá por testemunha”, e na Surata seguinte (48:29) a honra é transferida ao Profeta: “Maomé é o Mensageiro de Alá. E os que estão com ele são severos para com os renegadores da Fé”.  A Surata 48:13 mostra o destino do infiel: “E quem não crê em Alá e em Seu Mensageiro, para os renegadores da Fé, nós preparamos um Fogo Ardente”, e a Surata 09:68 faz disso promessa: “Alá promete aos hipócritas, e às hipócritas, e aos renegadores da Fé, o fogo da Geena [Inferno]”. 

A ‘gentileza’ prossegue nos hadiths, que são textos sagrados islâmicos com frases ditas por Maomé, e algumas delas são muito reveladoras. Segundo o hadith Musnad Ahmad:7036, Maomé disse : “Venho a vós pela degola”.

A biografia oficial de Maomé, escrita por bin Ishaq e editada por bin Hisham, e reconhecida como autêntica por acadêmicos e estudiosos do Islã, revela que Maomé pessoalmente decapitou de 600 a 700 judeus da tribo Qurayza.

Podemos concluir que o Estado Islâmico, ou Daesh, não representa uma pequena minoria radical que distorceu os ensinamentos de Maomé. Ao contrário, expressa o Islã na sua forma mais exata, tal como preconizada pelo Profeta, e tal como difundida nos textos sagrados, em especial no Corão.

Vídeos disponíveis no YouTube mostram que uma visão estrita do Islã não é coisa de “radicais” ou “extremistas”, mas sim defendida por uma ampla maioria de muçulmanos comuns, sunitas, que frequentam as grandes mesquitas e que apóiam, por exemplo, o apedrejamento de mulheres adúlteras,  a pena de morte para os infiéis, e a aplicação da Lei Sharia, como mostrado em  youtu.be/bV710c1dgpU (legendas em youtu.be/STmanv1ICkk).  

Especialistas variados, acadêmicos e pesquisadores do Islã, autores de livros, admitem que simplesmente não existe um Islã “moderado”. Ver em youtu.be/zGCvVKZoHNw.  Outros afirmam que a proporção dos ditos radicais ou moderados é irrelevante, tendo em vista que a agenda islâmica é dominada por aqueles que seguem o Corão tal como está escrito. Ver youtu.be/ijD19OhQT1s.  E cálculos com base em pesquisa do Pew Research Center mostram que os ditos radicais islâmicos são na verdade uma maioria, e não minoria. Ver youtu.be/9MrUJUcZmGk.

Enquanto isso, a aplicação da Lei Sharia em países ocidentais, reivindicada e muitas vezes imposta por imigrantes islâmicos, representa uma ameaça aos valores ocidentais, à democracia e às liberdades individuais, e violam a Declaração Universal dos Direitos do Homem, das Nações Unidas (1948).

Nos subúrbios de Paris e Londres, hordas de muçulmanos se colocam acima da lei civil, e violam os direitos humanos de mulheres e crianças, proíbem a venda de álcool mesmo para ocidentais, e organizam rezas islâmicas no meio da rua. Em Munique, na Alemanha, lançaram uma petição online para cancelar a OktoberFest em 2015, a qual de fato foi cancelada. 

Segundo a Lei Sharia, homens podem legalmente espancar suas esposas, e meninas de nove anos podem se casar, seguindo o exemplo do Profeta Maomé e sua esposa-criança Aisha, uma de suas quatro esposas. Crianças muçulmanas em tenra idade são submetidas à lavagem cerebral para odiar judeus e cristãos, vide  youtu.be/8loYjHI1jCg, ou ensinadas a arte da degola – vide youtu.be/cQOYWFdr1Vk ou youtu.be/QvmYQkGaPpQ.

O termo “Islã”, em árabe, significa “submissão”. Submissão da mulher ao homem, e do infiel ao muçulmano. O objetivo é a dominação. Tudo indica que os atentados em Paris em janeiro e novembro de 2015 são apenas o começo, e que novos atentados virão, em diversos pontos, mais inesperados e mais espetaculares que os anteriores. As Olimpíadas vem aí.

O que fazer ? Não podemos deixar essa cobra se criar. O Islã cresce no Ocidente porque não cortamos suas asas. A natureza totalitária do Islã se aproxima do nazismo de Hitler e do comunismo de Stálin – só que ao invés de colocar o dissidente num gulag, eles o matam.

Vide por exemplo youtu.be/LMhlu6ibvwM – a confissão explícita do que pretende o Islã, feita por um muçulmano residente na Suécia a um jornalista ex-muçulmano.

Não podemos ser tolerantes com quem quer nos degolar. Propomos a desclassificação do Islã como religião, para que deixe de gozar das prerrogativas legais de liberdade de crença e de culto.

Os trechos do Corão e dos hadiths islâmicos que pregam a morte dos infiéis, o espancamento ou estupro de mulheres, ou a violação de direitos humanos garantidos pela lei civil, devem ser banidos das mesquitas, e proibida sua divulgação pública, sob pena de indiciamento do clérigo muçulmano por apologia ao crime, e incitação ao ódio. A pregação de tais preceitos islâmicos deve ser equiparada à apologia do nazismo e ao discurso de ódio dos grupos de supremacia branca.

Não podemos ser coniventes. Temos de agir enquanto há tempo.  Ou o Islã se modifica numa versão light que respeite os valores universais da democracia, da liberdade, e dos direitos humanos, ou deve ser proscrito.


O Corão na Internet

Verifique sempre as informações. Cheque as fontes.

Corão em português:

Corão em inglês:
http://www.aaiil.org/text/hq/trans/ma_list.shtml
http://www.alislam.org/quran/search2/

Corão em francês:

Vídeos do YouTube mencionados:

youtu.be/bV710c1dgpU  
Título - It's Not the "Radical Shaykh" it's Islam - Fahad Qureshi
Idioma - Inglês
Canal - Islam Net Video

youtu.be/STmanv1ICkk
Título - O Islã "moderado" (LEGENDADO)
Idioma - Inglês, com legendas em Português
Canal - Luc Anderssen

youtu.be/zGCvVKZoHNw
Título - Islã radical ou Islã moderado e pacífico não existe - Somente existe um Islã (Portuguese Version)
Idioma - Inglês, com legendas em Português
Canal - Reconquista de la Libertad

youtu.be/ijD19OhQT1s
Título - Resposta para um muçulmano moderado sobre radicalismo islâmico
Idioma - Inglês, com legendas em Português
Canal - Elcio da Silveira Machado

youtu.be/9MrUJUcZmGk
Título - The Myth of Moderate Islam - O mito do Islã moderado
Idioma - Inglês, com legendas em Português
Canal - Consciência Visionária

youtu.be/8loYjHI1jCg
Título - Islam Brainwashed Children
Idioma - Árabe, com legendas em Inglês
Canal - Michael001359

youtu.be/cQOYWFdr1Vk
Título - How to teach children to kill animals in Islam
Idioma - sem idioma
Canal - Ianka SF news

youtu.be/LMhlu6ibvwM
Título - Un musulman vivant en Suède explique l'islam en toute franchise
Idioma - Árabe com legendas em Inglês e Francês
Canal - l'islam démasqué


19 outubro 2010

A vontade do pai na questao do aborto

Os debates sobre aborto, em geral, focam a discussao em torno da vontade da mae (de abortar ou nao) versus o "direito de nascer" do feto, ou seja, seu direito 'a vida.

Entram em detalhes sobre diversas excecoes, como gravidez decorrente de estupro, aborto para salvar a vida da mae ou o caso do feto anencefalo.

Estudam a partir de quando o embriao tem ou nao tem uma alma, ou em quantos meses adquire consciencia.

Entretanto, nao se considera a vontade do pai nessa discussao. E por que nao? Ele e' tao gerador da crianca quanto a mae. Seus genes tambem estao ali. Aquela crianca vai continuar a sua historia e sera' inclusive legalmente sua herdeira.

E' preciso acrescentar este angulo ao debate.

O pai da crianca - se for conhecido - deve ser tao dono da decisao quanto a mae. E supondo que o aborto seja legalizado para todos os casos, ou nos casos em que for, o pai deve ter o direito legal de vetar o aborto e querer ter o filho, que e' tambem seu.

Assim, em caso de violacao da vontade do pai, manifestada oficialmente por escrito perante a autoridade competente, a mae estaria cometendo um crime.

Pessoalmente, sou contra o aborto, mas a favor de sua legalizacao, pois todos devem ter o direito de pensar diferente e tomar suas proprias decisoes.

Porem, mesmo neste caso, o aborto so' deveria ser realizado com autorizacao oficial e por escrito de ambos os pais. Se apenas um dos dois nao quiser o filho, ele ou ela perde a guarda da crianca, mas ela nasce.

Afinal, o pai e' tao pai quanto a mae. Chega de machismo e sexismo! E viva a paternidade e os direitos iguais!

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Location:Rio da Janeiro

12 outubro 2010

Cuidado, justiceiro! O que vai, volta.

Há poucos dias, o Presidente Lula deu mais uma declaração bombástica, dizendo que “a polícia bate em quem tem que bater”.


Trata-se de uma declaração infeliz justamente do presidente que passou fome na infância e que é o Comandante em Chefe das Forças Armadas e, em última instância, da Polícia Federal; de alguém que apóia uma candidata à Presidência que foi torturada durante a ditadura militar, pelas autoridades constituídas naquele momento, contra as próprias leis da ditadura que nunca legitimaram a tortura.

Sentir na pele o sofrimento deveria bastar para alguém defender a lei.

A lógica do justiceiro é fascista e pervertida, e consegue seduzir uma parcela da população, aquela que aplaude o “taca-pedra-na-Geni”, o linchamento moral leviano, a difamação sem provas. São essas mesmas pessoas que humilharam a Geize na Uniban em 2009. Pessoas com esta mentalidade apenas seguem o rebanho sem pensar e, seja por ignorância ou por instinto selvagem, são capazes de linchar fisicamente você, leitor, no meio da rua, se você for acusado de algum crime, bastando alguém dar o primeiro grito e começar a chutar.

Na realidade não são seres humanos, são como animais bestializados.

Algumas pessoas se acham no direito de passar por cima da lei para combater criminosos, supostos ou reais, e com isso se tornam também criminosas. Ora, a polícia que bate pelo prazer de bater, a polícia que faz o “justiçamento” do suposto criminoso é tão bandida e criminosa quanto o criminoso real ou imaginário que julga combater.

E deve ser igualmente encarcerada e trancafiada atrás das grades, com todo o rigor da lei, simplesmente porque ninguém está acima da lei, ninguém mesmo – nem a polícia, nem o promotor, nem o defensor, nem o juiz, nem o político, nem o empresário, nem o advogado, nem o jornalista, nem eu, e nem você, leitor.

Todas as leis universais, energéticas ou esotéricas nos falam da ação e da reação – aquilo que fazemos ao outro, estamos fazendo a nós mesmos, pois o que vai, volta. Pode apostar que volta. E muitas vezes bem rapidinho.

O policial que bate num suspeito, que pratica execuções sumárias ou que atira em alguém que fugiu de uma blitz está na verdade cavando a sua própria sepultura, no próximo tiroteio ou na próxima bala perdida. Ou está convidando a morte para visitar alguém de sua família.

O comerciante que contrata matadores de aluguel – sejam bandidos de farda ou bandidos tradicionais – para exterminar os menores (ou maiores) que assaltaram a sua loja, está na realidade chamando para si um câncer que pode fulminá-lo em dois meses, ou uma leucemia para seu filho pequeno.

E aquele político demagogo que manipula a população com o discurso fácil do “bandido bom é bandido morto”, e incentiva o justiceirismo, está pedindo para ser atropelado ou esmagado por uma viga de aço.

É isso aí. O mesmo critério que usamos a nosso favor, também vale contra nós. Se acharmos que podemos cometer crimes para prejudicar alguém, outro alguém achará que pode fazer o mesmo para nos prejudicar.

Todos os que hoje pregam o discurso do ódio contra negros, homossexuais, estrangeiros, ou pessoas de outras religiões, todos os que defendem qualquer tipo de discriminação ou preconceito, ou que por outra forma se julgam superiores aos demais, acabarão por carregar o fardo de sua prepotência, com todas as suas conseqüências nefastas e reversas.

Aqueles que adoram fazer denúncias anônimas sem ter a prova provada, ou ofender a quem quer que seja pela Internet porque não gostam de suas opiniões, ou porque não aprovam seu comportamento, também receberão o que merecem.

O mais irônico, leitor, é que o justiceiro quase sempre também é um criminoso, embora julgue estar acima da lei. O justiceiro muitas vezes não sabe ou não quer saber que está praticando um crime. No Brasil pelo menos, a incitação ao crime também é crime, assim como a difamação e a denunciação caluniosa. E fazer justiça pelas próprias mãos é um crime conhecido pelo nome de “exercício arbitrário das próprias razões”. Artigos 139, 286, 339 e 345 do Código Penal.

Isto vale para todo mundo, inclusive para o jornalista, que também não está acima da lei. Alguns programas policialescos de TV já mostraram jornalistas acompanhando diligências policiais dentro da casa dos suspeitos, como se isso fosse normal. Ora, a polícia tem um mandado judicial de prisão, ou de busca e apreensão, mas o jornalista não. O mandado judicial não é para o jornalista. A polícia não tem o poder de autorizar o jornalista a praticar um crime, que é a invasão de domicílio, artigo 150 do Código Penal.

Neste caso, a prova do crime praticado pelo jornalista é a própria imagem da reportagem. Pouco importa se o acusado é suposto traficante, suposto estelionatário, suposto pedófilo ou suposto contrabandista – o chamado “interesse público” não está acima da lei, nem o jornalista pode achar que está, porque não está. Neste caso, também é criminoso.

Na essência, não precisamos de mais leis para combater o crime. Precisamos cumprir as que já existem. Todos nós, sem exceções.

Todos mesmo.

Precisamos de policiais mais humanos, e de cidadãos mais humanos.

Lugar de justiceiro é na cadeia. Quem combate a impunidade praticando crimes, deve saber que também não ficará impune.

De uma forma, ou de outra.

08 setembro 2010

Oriente Médio: a paz que não interessa a (quase) ninguém

Surpreendentes as recentes declarações do Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu, de que é possível alcançar uma “paz duradoura”, por várias gerações, com os palestinos. Ora, para que de fato uma paz duradoura seja alcançada, será preciso que exista uma vontade férrea de fazer a paz em ambos os lados, o que não parece existir em lado nenhum.


“Vontade férrea” significa seguir em frente com as negociações de paz ignorando atentados terroristas que justamente tentam barrar a paz, mesmo que centenas de pessoas morram toda semana em novos atentados cometidos por radicais.

E pressupõe que os moderados israelenses e os moderados palestinos estejam dispostos a pagar o preço político da paz. Ou seja, ambas as partes devem concordar em tomar decisões impopulares para seus povos (em vista do ódio existente de parte a parte, em grande parte da população) e colocar em xeque suas carreiras políticas para conseguir fazer a paz.

Isso inclui cada parte reconhecer a existência da outra como um Estado soberano e legítimo. Inclui uma divisão territorial salomônica e sem “muros” de exclusão, sem tabus, inclusive em Jerusalém. Inclui relações diplomáticas e comerciais entre Israel e a Palestina. Inclui derrubar os muros mentais do preconceito, aceitar imigrantes de parte a parte, aceitar casamentos inter-raciais, fazer investimentos econômicos pesados nas áreas mais pobres da Palestina, e muito mais.

Mas como fazer a paz, se um governo de coalizão em Israel pode cair a qualquer momento, se não tiver apoio popular? E como fazer uma paz mais completa, se uma parte da Palestina - a Faixa de Gaza - é de fato controlada pelos radicais do Hamas?

A guerra é interessante para muita gente – permite que políticos demagogos se reelejam e que radicais se mantenham no poder com base numa cultura do medo, culpando o “inimigo” pelos seus próprios problemas sociais. Além disso, alimenta uma bilionária indústria bélica em diversos países, inclusive nos Estados Unidos e em Israel.

Um extraterrestre desavisado, que visse de perto esse conflito entre israelenses e palestinos, acharia ridícula tanta discórdia por um pedaço minúsculo de terra, quase totalmente árido e inóspito. No fundo, no fundo, eles se merecem – pois parecem crianças fazendo birra.

E o que é pior, em nome de Deus. Que Deus é esse que manda odiar e matar? Você conhece um Deus assim? Eu não conheço.

29 agosto 2010

O Caso Bruno - crônica de um homicídio sem cadáver

Volta e meia, alguns casos policiais com detalhes escabrosos ganham as manchetes e boa parte da mídia se esforça em apresentar o desenrolar dos fatos como os capítulos de uma novela. Caso Daniella Perez, caso PC Farias, caso do índio Galdino, caso Suzane Richtofen, caso Pimenta Neves, caso Celso Daniel, caso João Hélio, caso Isabella Nardoni, caso Suzana Gomide, e assim por diante.

O enredo é parecido, mas sempre há um cadáver. Desta vez, não.


O Caso Bruno – como ficou conhecido o suposto assassinato da ex-namorada do goleiro Bruno, do Flamengo, Eliza Samudio, desaparecida desde junho/2010, é emblemático. Pressionados pelo espetáculo novelesco-midiático, que pede um culpado ou vários culpados para completar seu enredo, e envaidecidos pelos holofotes e por possíveis promoções em suas carreiras, autoridades várias como delegados, policiais e promotores se apressam em assumir como verdade absoluta a hipótese de que Eliza teria sido morta a mando de Bruno, por seus amigos e parentes – também chamados de “comparsas”, “cúmplices” ou “co-autores”.

Detalhes escabrosos, fantasiosos e até contraditórios surgem, porém sem qualquer comprovação material. A mídia faz a festa: o corpo esquartejado, jogado para os cães comerem, ossos cimentados numa parede, e assim por diante. Entretanto, o mais estranho é que nada foi encontrado até hoje.

Providencialmente, um delegado chama o goleiro de “monstro”, e esta é a senha para uma revista de circulação nacional estampar na capa uma foto do goleiro, com a palavra “monstro” em letras garrafais. Outra revista prefere a metáfora “indefensável”, associando uma acusação penal séria ao espetáculo de um pênalti.

Já julgado e condenado pelo tribunal da mídia, o goleiro vai depor na delegacia cercado por uma horda de fanáticos desocupados, que, tal como num reflexo automático de Pavlov, num perigoso efeito manada,  acolhe 'calorosamente' o goleiro aos gritos de “assassino”.

As alegadas “provas” da acusação, apresentadas pelas autoridades, se resumem a algumas gotas do sangue de Eliza, de cronologia duvidosa, que foram encontradas no carro de Bruno; ao depoimento de um adolescente de 17 anos, primo de Bruno, que forneceu ao mundo os detalhes escabrosos vindos de sua mente, sem ser capaz, no entanto, de revelar sua materialidade; e aos registros de conversas telefônicas por celular realizadas entre os acusados em datas próximas ao desaparecimento, bem como ao registro do GPS do automóvel de Bruno, em seu percurso até o sítio em Minas Gerais, supostamente levando Eliza.

Não queremos aqui inocentar culpados e promover a impunidade, evidentemente, porém não desejamos tampouco culpar inocentes e promover a barbárie.

A presunção de inocência dos acusados é princípio constitucional fundamental, cláusula pétrea inserida no artigo 5º, LVII, da Constituição Federal de 1988, fruto de séculos de lutas da humanidade contra a barbárie e o arbítrio, e herança cultural e jurídica da Revolução Francesa e da Revolução Americana.

A História está cheia de casos de injustiça cometidos, pelas autoridades e pela mídia, o que não impede que novos casos sejam evitados. A luta solitária do jornalista Émile Zola, na França, em 1898, com seu célebre artigo J’accuse, em que defende a inocência do oficial Alfred Dreyfus, acusado de traição, massacrado pela imprensa e pelo Exército, e finalmente reabilitado oito anos depois, é um bom exemplo.

O Caso Escola Base no Brasil, em 1994, onde os donos de uma creche em São Paulo foram acusados de abusos sexuais contra crianças de 5 e 6 anos, e trucidados com fanfarras pela mídia sensacionalista, com base em provas circunstanciais (e falsas), e em egos inflados de autoridades, é outro exemplo.

Pelo bem da verdade, autoridades policiais e promotores diretamente envolvidos em investigações deveriam ser proibidos por lei de dar entrevistas sobre casos em andamento, tal como já ocorre com os juízes, como forma de resguardar a isenção. Caso contrário, teorias, hipóteses e especulações já expostas pelas autoridades aos microfones, podem ganhar feição de “prova”, onde tudo o que houver de novo precisará se encaixar de alguma forma em suas conclusões prévias.

Fica muito difícil para uma autoridade que já chamou o acusado de “monstro” dar depois uma nova entrevista e voltar atrás, admitir o erro, dar o benefício da dúvida com base em novas evidências, mudar sua convicção de forma genuína. Isso seria o fim de sua carreira, a sua desmoralização.

Naturalmente, pensar incomoda, dá trabalho. Quem quiser pensar sobre acusações injustas, que assista ao filme "Doze homens e uma sentença" (Twelve Angry Men), com Jack Lemmon.

Pois vamos agora às “provas”, vamos especular também!

Manchas do sangue de Eliza no carro de Bruno? Podem ser mais antigas, fruto de uma briga anterior. Pode ter sido um problema de saúde dela, uma menstruação desregulada, um nariz sangrando, uma gengiva cortada, um sangramento acidental durante a gravidez prévia de Eliza, ou o sangue que escorre do ânus em determinadas condições médicas.

Os registros de celular dos acusados e do GPS do carro de Bruno? Não revelam o teor das conversas. Apenas comprovam que as pessoas se conheciam, falaram entre si naquelas datas, e que provavelmente se encontraram no sítio em Minas Gerais, com ou sem a presença de Eliza. Ela pode, aliás, ter descido do carro no caminho, em qualquer lugar da estrada.

O depoimento do adolescente? Pode ser mentira. Pode ser fruto de uma mente imaginativa, fantasiosa, ou traumatizada, que tinha rancor ou inveja de Bruno por outros motivos anteriores. Pode ser um distúrbio patológico, onde ele se compraz em inventar estórias para enaltecer seu próprio ego, ou enfraquecer o de Bruno. Pode ser também por ciúmes, porque na verdade o rapaz tinha, ele próprio, um relacionamento amoroso com Eliza, ou estava apaixonado por ela, ainda que platonicamente.

O desaparecimento de Eliza? Pode ser explicado de várias maneiras. Ela pode estar muito viva, bem de saúde, e na verdade deu o “golpe do seguro de vida”, mancomunada com todos os outros, com quem dividirá mais tarde a fortuna. Pode ter sido seqüestrada por uma quadrilha especializada no tráfico de mulheres, e neste momento, sem poder sair de uma casa, é uma escrava sexual na Espanha. Pode ter apenas batido sua cabeça e estar perdida, com amnésia, em alguma fazenda ou vilarejo no interior de Minas.

Pode ter desaparecido justamente porque decidiu mudar de vida, de repente assumir uma nova identidade, e aproveitou a ocasião, após uma festa no sítio, para desaparecer e assim incriminar Bruno e acabar com sua carreira, em função de algum recalque, ciúmes ou rancor contra ele. Pode ter pingado seu sangue de propósito no carro, discretamente, após um corte no dedo. Pode ter combinado com o adolescente para que ele desse aquele depoimento.

Ou ela pode ter sido morta por coincidência uma semana depois daquele churrasco no sítio, por assaltantes ou traficantes de drogas em Belo Horizonte, que ocultaram com muito cuidado seu cadáver, sem que Bruno e os demais tenham nada a ver com isso.

Enfim, especular é realmente muito fácil. Condenar alguém por homicídio sem que haja um cadáver é, no mínimo, uma temeridade.

Pode até ser que tudo tenha ocorrido exatamente – ou quase – como foi afirmado na peça de acusação. Mas também pode ser que não – pode ser que nada do que foi afirmado ali seja verdade, pode ser apenas especulação sem fundamento.

Alguém realmente se importa com a verdade, nada mais do que a verdade?

10 agosto 2010

A proibição de touradas na Catalunha: avanço ou retrocesso?

Recentemente, o Parlamento da Catalunha, na Espanha, aprovou o banimento das touradas em todo o território catalão, que inclui Barcelona, importante centro turístico e segunda cidade espanhola em número de habitantes. Com exceção da Catalunha e das Ilhas Canárias, as touradas continuam sendo perfeitamente legais nas demais regiões da Espanha, inclusive na capital Madri.


Para os catalães, a proibição é uma forma de mostrar uma independência de opiniões e posturas em relação ao resto da Espanha, num momento em que o Tribunal Constitucional espanhol acaba de rejeitar um novo Estatuto catalão que dava mais autonomia à Comunidade Autônoma da Catalunha. A região é oficialmente bilíngüe, mas as placas de trânsito ou de orientação para turistas muitas vezes são escritas apenas em catalão, que é uma mistura do castelhano com o francês, ou com traduções minúsculas em castelhano.

Para o turismo, é uma fonte de renda a menos, num momento em que a Espanha ainda sente os reflexos de uma crise econômica há muito não vista na Europa.

Para muitos espanhóis de outras regiões, especialmente os que falam o castelhano como língua-mãe, as touradas, por mais cruentas ou sangrentas que sejam, são uma manifestação cultural válida e uma tradição legítima que deve ser preservada. Para os mais apaixonados, são um símbolo fundamental da identidade espanhola, tal como a baguete na França, os moinhos na Holanda ou o futebol no Brasil.

Para os defensores dos direitos dos animais, a proibição é um avanço, uma vez que a tourada se fundamenta na crueldade contra o touro, o qual em geral (mas nem sempre) leva a pior, e acaba morrendo lentamente, no meio de um grande espetáculo.

Para o touro, é o fim das oportunidades para extravasar o seu ódio em público, e tentar trucidar o toureiro com suas chifradas impiedosas, arrancando-lhe as tripas sem anestesia.

Para mim, esta proibição de touradas é uma grande hipocrisia, pois a crueldade contra os animais é uma prática comum em um grande número de matadouros e abatedouros do planeta, só que isso não é mostrado publicamente, pois as pessoas ditas “sensíveis” preferem esquecer o que seus olhos não vêem. A verdade é que nossos bois, galinhas e porcos, tal como o touro, são mortos cotidianamente com sofrimento e crueldade, para o deleite do paladar da maioria dos seres humanos. Os animais são vistos e tratados juridicamente como coisas, como propriedade – nos coquetéis freqüentados por fazendeiros, a frase mais ouvida é: "quantas 'cabeças' ou 'reses' você tem?"

Isso lembra aquelas conversas entre senhores de engenho e proprietários de escravos do século XIX – “Quantas ‘cabeças’ você tem?”; “Os seus espécimes têm dentes e músculos, estão bem conservados?” Mas, como tudo tem três lados (segundo uma música do Skank), vale aqui recordar que a escravidão acabou, pelo menos no Brasil, em várias etapas – Lei do Ventre Livre, Lei do Sexagenário, etc., até enfim a sua abolição total em 1888, já tardiamente em relação ao resto do mundo.

Será que podemos prever algo semelhante com a crueldade contra os animais, uma proibição em etapas – ao longo de várias décadas ou até séculos – começando, por exemplo, com os touros, golfinhos e baleias, e se expandindo para todos os animais vertebrados, até por fim o banimento da indústria de carnes da face da Terra, ou a substituição do consumo de carne animal por produtos não-carnívoros que simulam perfeitamente o gosto da carne?

Tomara que sim. Quem viver, verá.